Batucadas brasileiras colhendo seus frutos no Brasil
BATUCADAS BRASILEIRAS REALIZA SUA PRIMEIRA AVALIAÇÃO
Por Lúcia Soares
O I Encontro de Avaliação do Projeto Batucadas Brasileiras
Aconteceu no último dia 31, na sede da Rua Camerino. Reuniu representantes de 70 escolas da rede pública de ensino do Estado e do Município, estabelecendo uma aproximação maior entre os protagonistas dessa parceria e ampliando a visibilidade do projeto junto às escolas, com o objetivo de abrir espaço para um maior número de jovens-alunos.
Contou com a presença de Coordenadores Regionais das Metropolitanas III e X e de diretores das escolas que participaram da divulgação do projeto. Dezenas de articuladores de animação de vários bairros do Rio conheceram a metodologia de capacitação profissional na arte da percussão do projeto, com a finalidade de promover futuros intercâmbios. O apoio da Diretoria Geral de Programas e Projetos Educacionais da Secretaria Estadual de Educação na organização do evento já demonstra o interesse no fortalecimento das relações institucionais.
O presidente do IBB, jornalista Maurício Nolasco, lembrou que o Batucadas Brasileiras nasceu de duas demandas importantes. Uma demanda popular dos candomblés do Rio de Janeiro e outra acadêmica surgida das discussões entre os sociólogos Luiz Cesar Ribeiro e Claudia Pfeiffer do IPPUR, Alba Zaluar da UERJ, o produtor cultural Romaric Buel e o psicanalista Luiz Alberto Py, fundadores da instituição. Nolasco ainda mencionou a capacidade que a MPB tem como bem de mercado, mas cuja importância para o resgate da cidadania ainda não é reconhecida, e disse que o apoio institucional das Secretarias de Educação e o patrocínio da Petrobras é que permitem ao IBB utilizar-se desse instrumento de transformação social que é a música popular.
Gilberto Gil foi o convidado de honra do evento, levado pelas mãos dos diretores musicais do projeto, Jorginho Gomes e Sergio Chiavazzoli, músicos do cantor, e pelo poeta Luiz Galvão dos Novos Baianos. Gil conheceu o prédio, o trabalho desenvolvido e se disse satisfeito em compartilhar de uma iniciativa que, “além da formação artística dos jovens, ensina moral, ética, sentido de responsabilidade com sua cidade e com seu futuro”. Foi homenageado pelos alunos, novos em idade e experiência – iniciaram o curso há três meses - que lembraram “Andar com fé”, acompanhados pela voz e dança do seu criador e do cantor Aleh Ferreira, instrutor do projeto.
A diretora de programas e projetos da Subsecretaria Estadual de Gestão de Ensino, Magda Sayão, falou da importância do projeto: “O Batucadas traz pra gente um novo paradigma que é de congregar os alunos, não no seu espaço escolar legítimo, que é a escola, mas através da educação não formal que lhes possibilita vir até o local estudar, freqüentar esse trabalho musical e, principalmente, se instruir e se profissionalizar, criando expectativas, possibilidades de que também é possível educar para transformar e musicalizar o nosso país batucando”.
Parceira desde o primeiro ano do projeto, a Secretaria Municipal de Educação se fez presente através de sua Gerente da Equipe de Extensividade, Denise Palha. “Nesses cinco anos de parceria podemos perceber como esse projeto modifica a vida dos nossos jovens. Os que passam por aqui têm um diferencial nas suas vidas. Eles aprendem a exercer sua cidadania, sua participação. É um projeto que, com certeza, traz perspectiva de um futuro diferente e de inserção social”.
O maestro Wagner Tiso, o músico Carlos Malta e o compositor Moacyr Luz também prestigiaram o evento. Presentes ainda representantes de diversos projetos culturais como a Escola de Música AMC de São João de Meriti, o projeto Humanização do Bairro do Morro da Conceição e o Sonho de um Beija-Flor, da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, além de pais de alunos.
No palco, os aprendizes do projeto comandados por Ary Dias, Mestre Odilon, Mestre Marçal, Jorginho e Chiavazzoli com o auxílio de luxo de Aleh Ferreira passearam entre sambas, ritmos nordestinos e MPB. A festa se completou com uma “brincadeira de teatro” sob a direção de Brigitte Bentolila, que reviveu Clarice Lispector em “Como nascem as estrelas”.
Lúcia Soares é jornalista.
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