Rio de Janeiro de sonho com fadas, plebeus e baratas

Noiva, neta do Barata, aparece no meio da Lapa (bar da cachaça), após cerimonia animada por manifestantes. 

O Rio de Janeiro sempre surpreendente. Conto de fadas e histórias medievais perdem para nossa originalidade. Em plena Copacabana, o que se viu na rua no sábado foi uma verdadeira celebração das diferenças sociais, que colidem diante das câmeras, em alusão a tempos remotos, onde se embebedavam de um lado a elite carioca - e seus patronos (hoje o rei dos transportes coletivos e seu ilustre patrocinador, o senhor rei-governador) - e os plebeus manifestantes, entusiasmados com a chance de participar da grandiosa festa. 

Hilário foi quando chegou a noiva e deu de cara com sua sósia na rua, e sua trupe de bobos da corte. Existe algo de histórico nestas imagens, que remetem os grandes monarcas, muito nobres, que permitiam aos famigerados vizinhos de parede do castelo, presenciarem e reverenciarem certos momentos das festanças da corte. Num ato à moda brasileira, o casamento dos Baratas teve sua versão medieval graças a organização independente dos plebeus de plantão. 

Muita animada, a festinha rolou ao som de muita música caipira entoada pelos rojões, pois a ocasião manda acompanhar os tradicionais festejos juninos - quando manda o script - devemos valorizar os aspectos peculiares de tradições, cada vez mais distantes de uma capital metropolitana turística, no Rio de Janeiro. Conclusão: a festa foi completa, e Copacabana é o local ideal para devaneios multi culturais em uma paisagem de delírio tropical.

 

O surrealismo tomou conta dos participantes, cantando e fazendo rodinhas típicas, distribuindo baratinhas aos convidados, e empunhando novamente seus cartazes com senso de humor ácido, contando com o forte apelo midiático da ocasião para aparecerem um pouco na televisão.

O baile terminou com tiros de borracha, bombas de efeito moral, e muita pimenta na cara dos felizes dançantes. Um desfecho já esperado nos atuais moldes de encontros entre os 'vandalos' plebeus e os 'vandalos' uniformizados. Todos aguardam ansiosos o momento em que nosso governante 'desce o cacete' e assina assim seu modus operandi de conversar e tomar notas das reivindicações dos populares. Estes mesmos que o elegeu por duas vezes seguidas para que ocupe a posição honrosa, que lhe permitiu dominar a cidade e controlar todas as operações legais  - e ilegais - do estado. Coisa que faria inveja a qualquer rei em qualquer tempo de reinado. E lá vem mais fogos de borracha e efeitos de fumaça 'especiais', enquanto a música rola:

Lá vem o ônibus!

É mentira!

E a reforma política?
É mentira!

O Cabral é o rei do povo!
Ooopa!


De volta ao passado, "tirando sarro" com as nossas próprias tragédias


Ou mudamos nosso futuro ou continuaremos bailando do lado de fora. Se este que vos escreve de fato tivesse talento, não demoraria para consolidar todos estes acontecimentos recentes, numa bela obra literária. 

Teríamos à mão um repertório vasto e original para compor as narrativas com aquela pitada de bom humor carioca, que mereceria a companhia de um igualmente talentoso ilustrador, para completar a obra e entregá-la para degustação internacional. Alguém aqui realiza a possível empreitada?

Estarei aqui sempre disponível para colaborar, registrando e produzindo as nuances dos novos episódios, sempre que eles forem mais fortes e dignos de uma mente criativa em ação.

Quem aqui vai querer pagar pra ver?

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