Pegada Ecologica - Consumidor Predador

A Pegada ecológica










EVOLUÇÃO HUMANA 


Os seres humanos se diferenciam dos outros animais por seu tele encéfalo altamente desenvolvido, seu polegar opositor e por serem livres.
(Texto de encerramento do filme Ilha das Flores, de Jorge Furtado, 1989.) 





Livre é estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.
(Do filme Romanceiro da Inconfidência, com base na obra de Cecília Meireles.) 

Bebida é água
Comida é pasto (...)
A gente não quer só comida,
A gente comida, diversão e arte
A gente quer saída para qualquer parte, hum (...)
A gente quer bebida, diversão, balé (...) A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor (...)
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade (...)
Desejo, necessidade e vontade necessidade e desejo (Titãs, “Comida”)


ALGUNS DADOS DA DISTORÇÃO 


A história começa com o consumidor. Economistas de renome, desde Adam Smith, têm alegado que os consumidores são atores “soberanos” que fazem escolhas racionais a fi m de maximizar sua satisfação. Ao contrário, os consumidores tomam decisões falhas por intermédio de um conjunto de julgamentos baseados em informações incompletas e tendenciosas. Suas decisões são basicamente movidas pela propaganda, regras culturais, influências sociais, impulsos fisiológicos e associações psicológicas, cada um dos quais potenciais incrementadores do consumo. As motivações fisiológicas desempenham um papel central no estímulo ao consumo.





O desejo inato do estímulo prazeroso e alívio do desconforto são motivações poderosas que evoluíram durante milênios para facilitar a sobrevivência, como quando a fome leva uma pessoa a buscar comida. Esses impulsos são reforçados pelas experiências dos consumidores. Produtos que nos satisfizeram no passado são lembrados como prazerosos, aumentando o desejo de consumi-los novamente. Nas sociedades de consumo, onde alimentos e outros bens são abundantes, esses impulsos estão levando a níveis danosos de consumo devido, em parte, a serem mais estimulados ainda pela propaganda.
De fato, estudos psicológicos recentes constataram que esses impulsos podem até ser incitados subconscientemente, despertando um desejo maior, como por uma bebida após a sensação de sede ter sido instigada. Hábitos de consumo, também, têm raízes sociais.



O consumo é, em parte, um ato social por meio do qual as pessoas expressam suas identidades pessoais e grupais – escolhendo o jornal de uma certa linha política, por exemplo, ou a moda preferida entre pares sociais. Motivadores sociais podem ser impulsionadores insaciáveis de consumo, contrastando com o desejo por alimento, água ou outros bens, que está circunscrito aos limites da capacidade.
Em 1954, o cidadão britânico comum, por exemplo, podia contar com uma base material ampla – alimentos, vestuário, abrigo e acesso a transporte em quantidade sufi ciente para levar uma vida digna. Assim, o gasto maior que acompanhou a duplicação da riqueza em 1994 foi, provavelmente, uma tentativa de satisfazer necessidades sociais e psicológicas. Após o primeiro par de sapatos, por exemplo, a posse de sapatos pode não ter nada a ver com a proteção dos pés, e sim com conforto, estilo ou status. Tais desejos podem ser ilimitados e, portanto, ter o potencial de manter o consumo em constante crescimento.


Os países ricos, para garantir um preço mínimo aos seus produtores rurais, são constantemente obrigados a destruir alimentos de forma maciça e a limitar severamente a produção por lei com relação à União Européia. Esta impõe periodicamente a incineração ou a destruição com meios químicos de montanhas de carne e milhares de toneladas de produtos agrícolas de toda sorte (ZIEGLER, 1999, pp. 55-56). 


Seres humanos vivem na miséria absoluta e isto não causa o espanto que deveria.
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio, mulato, preto, branco (...)
Filhos, amigos, amantes, parentes Riquezas são diferentes (...)
Todos sabem usar os dentes (...)
Fracos, doentes, afl itos, carentes (...)
O Sol não causa mais espanto (...)
Cores, raças, castas, crenças (...)
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Em qualquer canto miséria (...)
Em qualquer canto miséria
(Titãs, “Miséria”)


CONSUMISMO OU CONSUMO INSUSTENTÁVEL? 


Dessa forma, ao invés de se reduzir o consumo, cria-se a oportunidade de manter o padrão convencional de consumo, pois a ameaça torna-se relativamente controlada, e a reciclagem passa a desempenhar a função de compensação do risco do consumismo. Contudo, trata-se de uma falsa segurança que significa a alienação da realidade, a qual cumpre a função de gerar a sensação de que um comportamento ambientalmente correto (reciclagem) contribuirá para a resolução de um problema, quando na verdade camufla a crítica ao consumismo (...) (LAYRARGUES, 2002). 

A PEGADA ECOLÓGICA 


Seres humanos apresentam massa encefálica muito desenvolvida e polegares opositores que dão grande capacidade de interferência nos ecossistemas. Essas duas características, porém, não nos conferem o status de não fazer parte do reino animal e conseqüentemente da Natureza. Em outras palavras, apesar de muitas pessoas não acreditarem, somos animais. E como tais, temos necessidades básicas de sobrevivência. Porém, não só de água, comida e calor nós vivemos hoje em dia. As novas necessidades da vida humana foram surgindo ao longo dos séculos, tornando a vida das pessoas muito mais cara, girando em torno de bens fúteis ditados por modismos e/ou bens que duram cada vez menos tempo. Esse novo padrão de consumo sustenta um sistema que visa ao lucro, o capitalismo, e é sustentado pela mídia, que tem a missão de nos convencer de que os produtos oferecidos são indispensáveis a nossas vidas. Com isso, uma série de distorções afloraram em nosso cotidiano. As relações pessoais e afetivas ficaram à mercê da aquisição de bens.

Como propostas de correção desses problemas, identificamos duas correntes, a hegemônica e a alternativa. A primeira delas defende um consumo sustentável e, além disso, acredita que a adoção de medidas técnicas pode resolver a questão do lixo. Para os que pensam desta maneira, há a garantia de que o consumo se manterá, assim como o sistema econômico atual e a hegemonia dos detentores dos meios de produção. Por este motivo, essa visão é amplamente divulgada nos meios de comunicação. Existem também, pessoas que acreditam que a redução do consumo é o primeiro passo, e que o problema da geração de lixo não deve ser encarado de forma somente técnica, mas como um problema de ordem cultural. Elas são minoria, representando, por isto, o pensamento alternativo. Este ponto de vista fere os interesses diretos do sistema capitalista, uma vez que, com a redução do consumo, o capitalismo não se sustenta.


"Aleluia, aleluia Eu quero estar com meu Senhor..." (Coral)
Há sempre um tempo no tempo em que o corpo do homem apodrece
E sua alma cansada, penada, se afunda no chão
E o bruxo do luxo baixado o capucho chorando num nicho capacho do lixo

Caprichos não mais voltarão
Já houve um tempo em que o tempo parou de passar 
E um tal de homo sapiens não soube disso aproveitar
Chorando, sorrindo, falando em calar
Pensando em pensar quando o tempo parar de passar
Mas se entre lágrimas você se achar e pensar que está a chorar
Este era o tempo em que o tempo é 

Link: http://www.vagalume.com.br/os-mutantes/tempo-no-tempo.html#ixzz32mruzGBv



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