Eu e o Shopping

Eu e o Shopping*



Cara! Eu num Shopping é a coisa mais engraçada que conheço atualmente.
Sinto-me numa bolha do tempo, sendo um rato de laboratório. Onde todos os circulantes são os observadores que dominam todos os brinquedos dentro da bolha e eu, o rato, tô ali sendo observado por não saber exatamente o que está acontecendo naqueles corredores. Mas isso nem sempre acontece assim... No meio daquele imenso templo dedicado a existência materialista - e a Barra da Tijuca é a vanguarda nisso, tem até a versão "só pra rico" disso - existe uma afirmação que justifica o discurso e o mundo fantástico das propagandas na TV, das marcas, dos anúncios e da linguagem do consumo. As pessoas acreditam piamente que ao passar o cartão de crédito e digitar a senha, elas atravessam a fronteira da fantasia e a 'coisa' se materializa na sua mão. É pateticamente simples e evidente.

Então acontece que essa espécie da varinha mágica magnética atua sobre os desejos mais secretos e liberta as neuroses provenientes do tubo do LED de 42' pra cima. Sim, em polegadas menores esse efeito não acontece com a força que merece. E eu ali como um rato de laboratório batendo com o nariz nas vitrines desenhadas com códigos e símbolos que eu não sei o que significam.

O mais hilário é que neste lugares há a dinâmica da envergadura do tempo. E isso eu só conheço porque na física quântica eles explicam que o tempo é uma abstração inerente às três dimensões, coisa que não acontece dentro de um shopping, logo, desde que eu era pequenininho e andava naqueles brinquedinhos alimentados por moedas nos corredores, lá ainda estão os mesmos e em cima deles as mesmas pessoas, aturdidas com tantas luzes e possibilidades para soltarem a fúria sobre uma abstrato inimigo qualquer. Hoje por exemplo tinham duas mulheres aparentando quase três décadas numa espécie da braço da NASA que fazia a cadeira girar em várias posições, só que o 'bagulho' parou e elas ficaram assim, numa posição de rato de laboratório igual eu estava, só que dessa vez eu era o rato fora que olhava os ratos pendurados segurando suas saias, porque todo o resto já tinha caído. Nesse momento os desejos reprimidos inverteram-se para o homem que controlava tal brinquedo.

Eu confesso para vocês amigos leitores[?] que o momento menos interessante foi quando as 'meninas' saíram da posição astronautas de saias nos braços de dois bombeiros do grupamento de salvamento local, porque parecia filme hollywoodiano, que pra mim igualmente não tem mais graça.
Retirei-me para a livraria da travessa ainda com aquela imagem na cabeça, mas percebi que se ficasse mais algum tempo dentro daquele templo, não resistiria e acabaria tendo que fazer alguma pose também, para que todos os outros ratos pudessem me reconhecer como cobaia no mesmo experimento.

obs: o shopping foi um refúgio na hora que eu estou com vontade de mijar feliz e o ônibus tem a velocidade média de um metro a cada cinco minutos. Abaixo "o braço funcionando".
Infelizmente não consegui fazer uma foto das moças-ratos-laboratório, mas parece que "dar defeito" é o que mais acontece dentro de um shopping.

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