Surf time! Inicio do surf no Rio – a cultura e a arte de andar sobre as ondas

Surf time! Inicio do surf no Rio
A cultura e a arte de andar sobre as ondas

Aqui começa um novo tema, o qual será comentado, discutido, revisado, e principalmente documentado várias vezes nesse espaço: a cultura surf e toda sua influência na sociedade na melhor e mais eclética cidade de praia do mundo – nosso Rio de Janeiro.
O objetivo aqui não é classificar ou julgar, nem tentar ser um expert no assunto. Apenas quero dedicar um tempo à reunir todo material que chega aos meus olhos e tentar discutir num sentido antropológico o que acontece na cultura de cidades de beira de praia ao redor do mundo, com o intuito de entender sua influência no comportamento humano e na sociedade que as cercam.
“Estava à procura de um significado mais profundo, procurando minha própria alma”
Declarou Rob Machado . Para isso bastou ele embarcar para uma das regiões mais inóspitas da Indonésia com nada mais do que uma prancha, livros e uma barraca.
The Drifter é um excelente filme. O surfista mostra que é possível ser você mesmo, sem fechar os olhos para a realidade e para o sistema que insistem em nos perseguir. Grande parte do diálogo do The Drifter é retirado dos próprios diários pessoais de Rob.
Rob Machado está por trás de várias iniciativas globais e segue firme como o seu trabalho de "conscientização". O estilo “zen” e seu empenho em doar foram peças chaves para o sucesso do filme.
Rob Machado é admirado pelo mundo inteiro. Ele é um dos personagens que expandiu a definição do surf e desde sua saída do ASP Tour em 2001, tornou-se um dos embaixadores mais comprometidos do surf.
Confira algumas FOTOS de Rob Machado no Brasil.




O começo do fim: polêmica e contra-cultura na juventude

Para iniciar essa empreitada, vamos começar pelo fim ou pelo último final de semana, onde foram exibidos dois excelentes documentários onde a cultura surf foi o tema central, mas enganou-se quem foi a sessão para ver apenas ondas perfeitas surfadas por surfistas – eu inclusive – onde não apenas isso foi retratado no filme.
Mas sem pretensões alguma, os dois filmes foram mais amplos do que isso quando discutiram e apresentaram duas histórias insólitas em locais diferentes, em formato documentário e verídico, do choque cultural e ideológico em épocas distintas da juventude.
Numa época em que as sociedades ao redor do mundo mudavam de forma acelerada após as grandes guerras, em especial a do Vietnam - no filme Sea of Darkness - quando muitos ex- -combatentes e aventureiros se isolaram e procuraram os arquipélagos na região do Oceano Índico para diversão, influenciados pela cultura hippie e a experimentação de novos estilos de vida, no auge da contra-cultura e libertinagem, disseminação do LSD, cultivo e plantio da maconha e tráfico de ópio.
bra boys filme poster E no segundo filme – Bra Boys – a explosão industrial e a decadência na qualidade de vida no subúrbio de Maroubra, a leste de Sydney em New South Wales. Remonta à década de 1990, quando o grupo alcançou notoriedade através de confrontos violentos com membros públicos e a polícia. A gangue ganhou atenção nacional e internacional, quando eles lançaram um documentário de longa metragem sobre si próprios em 2007. Em uma entrevista na Rádio JJJ, Koby Abberton salientou - o "Bra" é uma referência ao bairro da gangue, Maroubra, e não um acrônimo para o Board Riders Association. [2] Alguns membros tatuados com "Bra Boys" e o código postal "2035" de Maroubra em suas costas, julgados por discriminação social e defesa de suas fronteiras, encontraram no arquétipo de “gangs” a única forma de se impor e garantir a sua sobrevivência, mas que tiveram que pagar seu preço.
braboys_posterMais a diante podemos perceber que na verdade não estamos falando apenas de surf ou dos movimentos ocorridos nas décadas de 70, 80 ou anos 90. Estamos falando sim de transformações sócio-culturais pela abertura do livre comércio e da evolução tecnológica, que permitiu a comunicação entre povos de culturas distintas e a formação e mobilização de grupos sociais engendrados e bem articulados, mas nem sempre bem intencionados. Para os amantes do surf, da natureza, das ideologias ou das drogas, fica o alerta:

Aquilo que deveria libertá-lo, também pode aprisioná-lo



sea of darkness filmeA intrigante e inusitada história de Sea Of Darkness não só ajuda a entender a origem e filosofia do surf e a busca pela onda perfeita – o início até do Indies Explorer e começo da Quicksilver – mas também a busca por uma identidade fora dos padrões civilizados e a utopia da busca do prazer a qualquer custo.
A seguir, Rosaldo Cavalcanti, consagrado produtor, surfista, cineasta da cultura surf e promotor da mostra, descreve mais detalhes sórdidos sobre essa “premier” única no Rio:
Numa das seqüências mais inacreditáveis do filme, Mike Boyum, junto com um de seus comparsas, vai até os confins da Amazônia onde compra 3 quilos da mais pura cocaína.
Um dos filmes de surf mais polêmicos de todos os tempos, o premiado documentário “Sea of Darkness” foi exibido pela primeira - e provavelmente única - vez no Brasil neste domingo, 06 de dezembro, no Jockey Club do Rio, como parte da programação do Vale Open Air http://valeopenair.com.brvale open air
Dirigido pelo sul africano Michael Oblowitz, e produzido pelo capitão Maryin Daly, “Sea of Darkness” conta a história de um grupo de surfistas durante a década de 70. Liderados pelo americano Mike Boyum, alguns destes surfistas foram os pioneiros do surf em Bali e em diversos outros picos do planeta.
Boyum foi acima de tudo um visionário e o descobridor de algumas das melhores ondas da Indonésia, entre elas as tubulares esquerdas de G land, onde montou o “Tiger camp”, o primeiro “surf camp” da história.
seaofdarkness Foi também o primeiro surfista a explorar o potencial de surf do arquipélago das Mentawaii.
Mas Boyum acabou se envolvendo com o tráfico internacional de drogas e transformando sua vida de sonho num incrível pesadelo. Depois de perder o direito de explorar o surf camp que montou em G-land, Boyum tornou-se foragido do governo e da polícia indonesiana, que o acusou de usar o “tiger camp” como um entreposto para o tráfico internacional de entorpecentes.
Após cometer uma série de erros e crimes, que entre outras consequências o levaram a ser preso e condenado a quatro anos de prisão na Nova Caledônia, Boyum acabou sendo encontrado morto, supostamente por inanição, nas Filipinas.
Numa das seqüências mais inacreditáveis do filme, Mike Boyum vem ao Rio de Janeiro, se hospeda num hotel em Ipanema, onde monta uma espécie de base para suas operações na América do Sul. Junto com um de seus comparsas, Boyum vai até os confins da Amazônia, onde compra 3 quilos da mais pura cocaína.
Mas a empreitada acaba dando errado e Boyum, juntamente com os australianos Jeff Chitty e o lendário surfista australiano Peter McCabe, acaba sendo preso e condenado a 4 anos de prisão na Nova Caledônia, depois de serem flagrados num hotel com dois dos três quilos da cocaína que havia sido comprada no Brasil.

Mas isto é apenas parte do enredo deste documentário que está sendo considerado como um dos mais intrigantes filmes de surf da história.
Acesse o link http://video.mpora.com/watch/4UgVSVObx
e assista ao trailer de Sea of Darkness.
fonte: Por Rosaldo Cavalcanti no Ricosurf.com
Leia os textos de Rosaldo Cavalcanti em No Bullshit.

continua

 

Por dentro da onda: Por que surfamos?



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